domingo, 29 de janeiro de 2012

Apresentação

Quando carregamos em qualquer motor de busca na internet «Bairro das Colónias» a primeira referência que aparece é a da Wikimapia que nos informa que o Bairro foi construído nos anos 30 e que pertence à freguesia dos Anjos. Dá-nos, como informação complementar, importante, as suas coordenadas geográficas: 38°43'33"N 9°7'57"W
Apresenta-nos uma fotografia aérea de parte da cidade onde o mesmo se localiza e delimita-o.

Se a primeira informação, apesar de muito redutora, está certa, o mesmo não se poderá dizer em relação aos seus limites geográficos, assinalados a encarnado.
De facto, tal como a descrição dizia, a génese do Bairro das Colónias é dos anos 30, e por isso mesmo só poderão ser contabilizados como pertença do seu território, quarteirões que tenham sido construídos nessa década e nos anos sequentes, pelo que introduzir parte da Avenida Almirante Reis é um erro crasso, assim como também o é fazer o limite pelo eixo das vias.
A toponímia define, também ela grosso modo, os limites do Bairro das Colónias, ninguém dá importância à novel designação de Bairro das Novas Nações que lhe atribuíram em 1975. Para o bem e para o mal, a História e a memória não se apagam por decreto. Veja-se os exemplos do Rossio, do Areeiro, e mesmo do Terreiro do Paço, só para dar três dos exemplos mais conhecidos, cuja alteração toponímica pouco ou nada contribuiu para o seu reconhecimento sob outras denominações. Estou em crer que qualquer inquérito que perguntasse onde fica a Praça D. Pedro IV, a Praça Francisco Sá Carneiro ou a Praça do Comércio, só a última obteria um número razoável de reconhecimento, talvez ao nível dos 50%, enquanto as outras rondariam os 80%, ou mais ainda, de respostas “não sei”.
São designações que não homenageiam nenhuma personalidade incómoda, pelo que apenas mantêm vivas as memórias e tradições de toda uma época e de uma civilização. Nos anos 20 e 30 do século XX, o apogeu da época colonial europeia, as celebrações desta realidade foram muitas e variadas, em todos os países colonizadores. Veja-se a Exposição Colonial de Paris, em 1931, ou a sua réplica provinciana na Exposição Colonial do Porto, em 1934, só para dar dois exemplos. Querer apagar este universo mental não é apenas um erro, é, sobretudo, um disparate. E como de boas intenções está o inferno cheio … Bom, a toponímia oficial lá conseguiu que a Praça do Ultramar passasse a ter reconhecimento público como “das Novas Nações”, o que é aceitável enquanto homenagem aos novos países surgidos das ex-colónias portuguesas. Tudo isto dá um sentido pedagógico outro que quaisquer pais ou professores podem tirar partido para ensinar a olhar o que nos rodeia e ver para lá de cada nome.
Então como definir com maior clareza os limites do Bairro das Colónias?

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